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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Quase Primeira-Dama

Em meados da década de 70, o principal empresário de uma cidade do interior resolveu lançar-se na política, candidatando-se a prefeito. O Homem possuía supermercados, lojas de automóveis, postos de gasolina, açougues, padarias, várias fazendas, além de uma usina de cana-de-açúcar. Como lançamento de sua campanha, planejou um jantar para 200 talheres e, mais que convidar, praticamente convocou a nata municipal.

Sua mulher se contrapunha totalmente à figura séria e sisuda que ele construíra ao longo da vida. Muitos achavam que Dona Lili era louca-de-pedra. Outros, que ela era gozadora por natureza, mas ninguém tinha coragem de repreendê-la, dada a importância do marido. Como presidente da Liga das Senhoras Católicas - veja só - vivia aprontando traquinagem envolvendo assuntos de igreja. Certa feita, dizem, roubou o vestido de noiva de uma de suas sobrinhas horas antes do casamento. A pobre da moça teve de casar com um vestidinho comum. Noutro casamento, fez trocarem o Laudau emprestado para saída dos noivos da igreja por uma charrete puxada por jumento.
Consta que ela judiava do padre, mandando trocar diversas vezes o vinho usado na celebração das missas por vinagre, cachaça e até Pinho Sol. A Cura Diocesana teve que acatar o pedido de transferência do padre depois que ela, tendo acesso antecipado à programação da missa matinal de um determinado domingo, levou a Bíblia que ele usaria para uma gráfica de propriedade do marido e mandou inverter a localização das páginas que ele utilizaria durante o ato litúrgico. O padre fez papel de bobo durante boa parte da missa, com todo mundo lendo uma coisa e ele falando outra.

Contam que numa certa festa de casamento, Dona Lili conseguiu esconder uma bombinha de festa junina dentro da tradicional velinha com os bonequinhos do noivo e noiva abraçados. Todos, sem exceção, em volta da grande mesa receberam pedaços de bolos no rosto e nas roupas. Mas ela foi gentil: tinha mandado fazer outro bolo igual, para que os noivos e padrinhos, embora bastante melecados, e demais convidados, pudessem comer.

Chegado o jantar da candidatura do muito provavelmente já eleito prefeito, com o clube alugado lotado, uma trupe de garçons distribuiu um tipo de petisco que ninguém pôde identificar o que era, do quê era feito. O gosto também era estranho. Para não fazer feio, todos comeram.
No que os petiscos começaram a ser recolhidos, surge Dona Lili carregando um pacote que acabara de ser lançado no mercado, produto até então desconhecido por ali. Abriu o pacote e despejou um pouco numa vasilha de petiscos vazia. Todos olharam para o rótulo do pacote e descobriram o quê acabaram de comer: “Nova Ração Canina Bonzo – O seu cão merece”.
O empresário seguiu rico, mas jamais se tornou prefeito.