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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Presente de Aniversário

De uns anos pra cá tem sido a mesma coisa. Vou pro shopping incumbido de comprar presentes para mim mesmo. É meu aniversário e a família vai encomendando: compre uma camisa para eu lhe dar, diz uma; você precisa é de calça nova, diz outra, teu sapato ta um horror, ouço também.
Antigamente, mas antigamente mesmo, era pior. A gente não escolhia e ganhava aquelas coisas que não tinha coragem de vestir, mas era obrigado, sob pena de criar uma questão familiar. As pessoas compravam por conta própria, no gosto de cada um, e pintavam uns troços de amargar.
Impossível esquecer. Eu tinha sete ou oito anos e ganhei uma caneca de louça esmaltada de uma tia um pouco velha. Isto lá era coisa que se desse a um menino? A caneca era enorme, marrom-avermelhada, lisa, sem qualquer detalhe. Um emblema do meu time ou uma figura do Hulk salvaria, mas, que nada. Pra complicar, a sádica da minha mãe enchia o diabo da caneca de leite e me obrigava a beber tudinho. E eu simplesmente odiava leite. Nunca gostei do cheiro nem do sabor. Não suportava. Lembro-me de prender a respiração enquanto ia enchendo a barriga com aquele líquido que teimava em não acabar. Minha felicidade era quando começava a enxergar meu rosto refletido no fundo da caneca, sinal de que o leite - ou a tortura - estava acabando. Outra tia chata (sempre temos várias), cismava em me dar presentes mais apropriados para menina. Uma esculhambação. Umas camisetinhas cor de bicha, correntinha, lápis de colorir com uns carneirinhos pintados. Ai de mim se os meninos da rua me vissem com aquilo. E do meu avô, então? Desde quando me lembro existir e até quando ele deixou de existir, só ganhei par de meias. Incrível, todas sempre da mesma cor. Nunca mais comprei meias azuis.
Mas, voltando ao início, acabo me ferrando todo ano. Chego ao shopping naquela tarde ensolarada e o que eu posso querer comprar com um clima assim? Óbvio, camiseta, bermuda, no máximo calças ou camisa de verão. Veja se não parece maluco o sujeito, trinta graus na testa, entrar numa loja e querer provar um paletó de lã, com o vendedor pensando que o cliente é um doente mental. Acontece que sou do final de março, tempo ainda quente, mas que, em duas semanas, gela. E quando vou começar a usar meus presentes, ta um puta frio e fica tudo pro ano seguinte, quando já engordei ou a moda é completamente diferente.
Ano passado, uma irmã me bancou uma calça. Minha mãe, outra.
No final de semana seguinte estive com ambas e usava o modelo pago pela irmã. Puro acaso, mas minha mãe ficou sem falar comigo um mês.