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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma Exceção a Um Milhão de Regras

Tive o prazer de, aos 15 anos, conhecer o "poetinha". Foi em 79, um ano antes dele morrer. Estivemos 3 vezes juntos, sendo eu levado pelo meu irmão, amigo dele de copo. Ambos rumaram para a mesma causa-mortis: excesso de whisky. Aliás, Vinícius dizia que o whisky era o melhor amigo do homem. Era o "cachorro engarrafado".
Num dos encontros, disse a ele que, estudando a construção da letra de "Garota de Ipanema", notei surpreso que a palavra que iniciava o título não aparecia no corpo da canção. Achei que fosse por preciosismo - não repetir palavras - mas ele me informou: "Nada, foi desatenção mesmo, eu tava num pileque daqueles". E quando não estava?
Daí,  ele contou que compôs aquela canção sem saber o nome da musa. Apaixonou-se por ela no instante em que a viu passar. Pouco importava o que ela pensava, seus valores, sua família, etc, etc. Passou 20 anos apaixonado. Helô Pinheiro não o quis, apesar de reconhecer que só chegou onde chegou por conta de ter sido sua musa inspiradora.
E ele, sem qualquer modéstia, cujo significado não sabia, ainda emendou: "Só aos grandes homens é permitida a paixão à primeira vista. Estes captam tudo no simples olhar de uma mulher. Nunca acredite em regras impostas, faça as suas".
Ele morreu nú, com um copo ao lado, dentro da sua banheira, seu habitat natural. 
Era uma exceção a um milhão de regras.