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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mudou De Endereço? Dançou

No meu tempo de menino – algo entre o Mesozóico e o Paleolítico, os velhos (que já existiam) me ensinaram a não discutir com políticos, com religiosos e com torcedores de futebol, radicalismo que não levava a nada.

Agora, nestes modernos tempos de globalização, aprendi que também é estúpido e, mais que isso, inútil, discutir com atendentes de call-center.
A começar pelo sistema informatizado que usam. Você liga e uma gravação começa a pedir que você digite seus dados. Só falta pedir o número da sua carteirinha de vacinação.
Depois de ficar com os dedos doendo, a voz diz para você aguardar, que em instantes alguém vai atender, pois sua ligação “é muito importante para eles”.
Pode largar o telefone na mesa e ir tomar um café, um banho ou comprar um jornal.
Bom, daí atende uma mocinha que, pelo sotaque, está falando de algum estado nordestino.
- O nome do senhorrrrrrrr? – (mas o sistema já não havia me identificado?)
- RG?
- CPF?
- Número completo do seu cartão?
- Dia em que o senhor nasceu?
- Ano em que o senhor nasceu?
- Quantos anos o senhor tem?
- Nome completo da sua mãe?
- Nome completo do seu pai? (pô, meu pai morreu faz 20 anos)
- Seu endereço residencial completo? – (Mas, não aparece na tela dela? 10 minutos para ela entender).
- Pois então, senhor André, o senhor está precisando de alguma coisa? - (não, só liguei pra bater papo).
- Eu gostaria de mudar meu endereço residencial.
- Por quê? O senhor se mudou? – (não, é porque eu acho o nome da minha rua muito feio).
- Sim.
- Só um minuto, por favor. – (e tome musiquinha).
- Senhor André? – (não, subitamente, não sou mais André).
- Sim?
- O senhor pode me dizer o novo endereço? (não, de jeito nenhum, é segredo de Estado).
- Rua tal, número tal, apartamento tal, bairro tal, cep tal, São Paulo.
- Senhor André? – (ai, Cristo!).
- Sim?
- Qual é o bloco?
- Que bloco?
- No endereço anterior, depois do número do apartamento, tinha “Bloco IV”.
- O novo não tem.
- Não tem bloco?
- Filha, deleta o campo.
- Como, senhor?
- Apaga, apaga o campo. Use a tecla DEL até sumir tudo.
- Todo o endereço? – (ai, meu Pai Eterno)
- Não, meu anjo, só o campo onde aparece “Bloco IV”.
- Só um minutinho...
- Senhor André? - (ui, ui).
- Sim?
- Faltou o estado - (São Paulo fica em São Paulo, catso!).
- São Paulo.
- São Paulo?
- Isso. Digite aí: S e depois P. Faltei dizer o novo telefone.
- Senhor André?
- Sim?
- O telefone do senhor mudou?
- Sim, agora é tal.
- O senhor tem celular?
- Sim.
- Seu celular também mudou? - (não acredito!).
- Não.
- Deixo o mesmo? – (credo!)
- Sim, deixe aí quietinho. Não mexa com o coitado.
- Senhor Andre? – (ai, meu santinho padim Ciço).
- Sim?
- O senhor deseja alguma outra coisa?
- Não, muito obrigado.
- Qualquer coisa, é só ligar, viu?
Ô, se vi. Ah, detalhe: minha correspondência continuou não chegando. A atendente anotou errado o número do prédio.