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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Programa De Índio? Não, De Japonês

Como o querido Dan Stulbach poderia corroborar, sexta-feira, 18 horas é o autêntico “fim de expediente”. Estou preparando-me para deixar o escritório, quando começo a receber e-mails de colegas sentados a menos de 10 metros de mim. “Happy hour?”. “Ok”. - “To dentro”.  - “Simbora”. - “Vamos nessa”. “Blz”. – “Hj naum dá”.
Saímos do trabalho e vamos a pé até um boteco da rua de trás. Eu, o Fred, o Almeida, o Batista e o Nakano ocupamos uma mesinha na calçada. Uma hora depois, o japa avisa que um primo chegou, apontando para um Toyota estacionando, numa vaga bem em frente ao bar. Deu uma batidela no carro da frente. Deu marcha à ré. De novo, resvalou no carro à sua frente. Recuou e colou num fusca parado atrás. “Nakano, seu primo tirou carteira por telefone?” – brincou alguém.
Algum tempo depois, o Almeida lança uma idéia:
- Que tal a gente dar uma esticada até Campos do Jordão?
- Legal, - responde o Batista – podemos marcar...
- Marcar? Vamos agora, pô! 2 horinhas. Tenho uma tia que mora lá com a minha prima, num baita casarão. A gente vai, curte a noite, dorme na casa da minha tia e volta amanhã cedo.
“Topo”. – “Topo”. – “Topo” – “Topo” – Ouvi geral.
- Estamos em seis. 2 carros?
- Besteira. A gente aperta um pouco. Ó o carrão do meu primo, aí.
- É? Ta bom. – garantiu o primo do Nakano – Liga e avisa sua tia que estamos indo.
- Cara, a velha já passou dos 80. É praticamente surda. Só sai de casa para ir à missa.
Entramos no carro e avançamos até a primeira esquina, quando percebo algo de estranho.
- Gente, tem um fusca seguindo a gente. Está grudado na nossa traseira. Que será?
Andamos mais uns metros e a situação permanece. Resolvemos descer e tirar satisfação.
Para nossa surpresa, a bola do engate do Toyota estava enganchada no para-choque do fusca. Arrastamos o carro mais de uma quadra. Conseguimos desengatar e partimos, deixando o fusquinha ali mesmo, no meio da rua, estorvando o trânsito.
Havíamos percorrido uns 40 quilômetros da Dutra, sob um temporal daqueles, quando ouvimos um estralo. O limpador do para-brisa pifou. Tivemos de reduzir drasticamente a velocidade e seguir pelo acostamento até encontrarmos um posto de gasolina: Fusível queimado.
Começamos a subir a serra. Além do temporal, que parecia nos seguir feito o fusca, pegamos uma neblina dos diabos. O primo do Nakano, pior motorista com quem já andei, ajeitou os óculos fundo-de-garrafa. Eu conseguia enxergar só dez metros à frente. Ele, certamente, menos.
- Liga o farol de neblina – sugeriu alguém.
Pra quê foi falar. No que o japonês apertou o botão, ouvimos outro estralo e o carro ficou completamente às escuras.
- Pô, japonês, comprou essa merda no Paraguai?
Fomos obrigados a descer do carro e, sob um verdadeiro toró, ir orientando, a pé, o caminho, na maior escuridão. Andamos mais de 10 quilômetros serra acima.
Chegamos à casa da tia do Almeida, quase  de madrugada. Molhados, cansados e putos com o japonês. Tocamos a campainha. Tocamos, tocamos, tocamos. Aí, ouvimos um frentista do posto de gasolina vizinho a casa:
- Êi, pessoal! A mulher que mora aí viajou. A filha dela abasteceu o carro e disse que ia levar a mãe pra Poços de Caldas.