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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quem É Bom Em Fin-Kido-Jii?

Carlinhos, o único Junqueira pobre que eu conheço, perdeu o emprego. O trabalho era chato, o patrão troglodita e o salário uma verdadeira merreca - vendou-se.
Tirou o primeiro mês para descansar.
Passou noventa dias procurando oportunidade na área dele, publicidade.
Ao cabo do quinto mês já vasculhava outras áreas.
Conversamos quando ele estava perto de aniversariar o ócio. Bateu desespero: "Cara, tô topando até auxiliar de faxina".
Na sua busca diária por recolocação, corria os olhos nos classificados de emprego no jornal, quando se deparou com um anúncio: "Procura-se professor para lecionar Fin-Kido-Jii. Remunera-se bem". Que raios é isso? - pensou. O Google não soube responder. Ligou para um amigo filho de orientais, mas nada. Para outro, idem. Arriscou ligar para o número publicado no jornal.
- Pois não?
- É sobre o anúncio...
- Ah, que ótimo, faz tempo que estou anunciando. O senhor é o primeiro a me procurar. Sabe, não é para mim, é para o meu filho. Ele tem seis anos. Cobra todo santo dia. Pode nos visitar?
Of course que o Carlinhos foi, mesmo sem saber, nem remotamente, o que ia tentar ensinar. Conversando com o pai, percebeu que o sujeito também não fazia ideia do que era o tal Fin-Kido-Jii.
- Mas eu preciso saber qual o...bem, o nível que seu filho quer aprender. Tipo: básico, intermediário, avançado, entende?
- Espere um pouco: Júnior! - berrou - vem aqui conversar com o professor. - o menino apareceu rápido, saindo da sala de TV.
- Explica para ele qual o nível que você quer aprender.
- Star!
- Star? - Carlinhos repetiu visivelmente perdido.
- É, porque Gold, só, não tem graça. Vem aqui ver. - Pegou o "professor" pela mão e o levou até a sala de TV, deixando o pai sentado na sala de visitas.
Foi aí que o Carlinhos descobriu que Fin-Kido-Jii era uma espécie de arte marcial, misturada com superpoderes, que personagens de um desenho animado, sabe-se lá se japonês, chinês ou coreano utilizavam para combater seus inimigos. Ficou ali uns minutos olhando a tela com cara séria, mas lutando para não cair na gargalhada. Gold, o menino foi tagarelando, eram os movimentos corporais. Star incluía flutuar e disparar rajadas de raios cósmicos saídos dos dedos.
Carlinhos voltou para o pai do menino:
- Meu caro, posso ensinar o nível Gold ao seu filho. Ele ainda não tem idade para o nível Star. São duzentos reais a hora.
E assim, Carlinhos sobreviveu mais dois meses, quando, enfim,  conseguiu um trabalho honesto.