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sábado, 11 de setembro de 2010

Velho Geraldo

Parei, ontem, na padaria perto de minha casa. Como qualquer mortal, fui comprar pães.
O problema é que pensam que sou um ser diferente, extraterrestre, sei lá. Junta gente, vira baderna.
Não consegui me deslocar até ao balcão que entregam pães. Fui parado, interceptado.
- Conserta meu computador?
- O alarme do meu carro não está funcionando, arruma?
- Meu filho não cresce!  Que dou a ele?
- Minha mulher está me traindo! O que você acha?
- Este celular é uma bosta. O visor apagou. Me ajude!
- Minha conta de luz está um absurdo! Avisa ao governo?!
- O que eu faço com meu carro que está comendo gasolina?
- Minha filha apareceu grávida. Tem só 17 anos. E agora?
- O que é um call-center?
- Minha conta da ComGás veio errada! Pôrra! Será que você resolver?
Ouço, ouço. Que acham que eu sou? Só vim comprar pães...
Aparece o Geraldo. Policial militar aposentado.
É doidão, veio do médico, trazendo seu exame: "Vou morrer! Meu coração..."
- Posso ver seus exames? - falei.
Vi as chapas dos pulmões. Analisei-as, rapidamente. 48%, medi, infeccionados. 
- Nada com seu coração. Você está com pneumonia.  
Recomendei-o a não carregar peso, a não percorrer longos trajetos a pé, cigarro, nem pensar. Gelado pode. Gelado tem a ver com o estômago, não com o pulmão.
- Que medicamentos lhe foram prescritos?
Ele me mostrou o receituário, concordei com o médico, mas fiz uma pequena alteração nas dosagens iniciais.
- O médico era ruim? - perguntou-me.
- Talvez jovem. - respondi.
- Escrevi, com caneta emprestada, a dosagem e os conselhos para sua melhor recuperação. O velho, e louco policial, me beijou.
Besteira receber elogios. Mas o Geraldo, bem cuidado, valeu minha noite.