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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Canivetes, Cebola E Violão

O Marcelo é esquisito. É um grande amigo, mas é esquisito. Eu não tinha analisado antes por esta óptica, mas meus amigos, na maioria, são esquisitos. Quê será?
Ele tem uma coleção de canivetes que só faz aumentar. Disse que já passou dos 5 mil. Até aí, vá lá. O diferente é que ele guarda numa agência bancária. Alugou um cofre e deixa tudo lá. Na casa dele você não encontraria um nem que fosse preciso consertar alguma coisa. Para ele, o importante é saber que o banco é superseguro. Imagina roubarem sua coleção...
Ele é solteiro e mora sozinho. Há cerca de 15 anos guarda uma cebola na geladeira. É de estimação. Batizou-a de Cissa. Diz que é o nome mais adequado para uma cebola. Melhor não contrariar.  A planta (sim, cebola é uma planta e pertence à família das Alliaceae), obviamente já secou, murchou e está praticamente preta. Ele acha que eu sou maluco porque converso com os peixes do meu aquário. E ele, que conversa com a Cebola? Toda vez que está com algum problema, ele pega a Ciça na geladeira, põe sobre a mesa da sala e parte pro falatório. Uma namoradinha, na mais pura boa vontade e inocência, chegou a jogá-la no cesto de lixo. Pra quê? Foi expulsa sob insultos do apartamento dele.

Estamos na mesa do happy-hour, quando ele chega, beija cada um de nós e mostra todo embevecido um violão novinho em folha.
- Não sabia que você tocava – disse alguém.
- Não toco.
- Vai começar a estudar? – repetiu o alguém.
- Não, não curto tocar violão.
- Pra quê comprou um, então? – outro insistiu.
- Negócio é o seguinte: adoro batucar nas costas do violão quando a turma arma rodinha de samba. Agora tenho o meu próprio pro batuque.
Olhei pro lado da frente e percebi que o violão estava sem encordoamento.
- Cadê as cordas? – perguntei.
- Retirei. Não quero pagar mico. Assim tenho desculpa quando ouvir neguinho dizer: “Batucar qualquer um consegue. Quero ver é dedilhar”.  Um cara que anda pra baixo e pra cima com um violão a tiracolo e não sabe tocar uma nota. Vão pensar que eu sou maluco.