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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Filho Bem Intencionado

Minha mãe sempre foi minha confidente. Sempre relatei a ela tudo o que acontecia comigo. Nunca senti vergonha de falar sobre minhas intimidades. Conversávamos abertamente sobre minhas descobertas sexuais. Mulheres são mais sensíveis, mais profundas, mais verdadeiras, mais francas. Não tenho lembrança de ter travado um único diálogo destes com meu pai, que ela, com 51 anos, merecidamente o deixou.
Mas, vamos parar por aqui, que eu tenho de zelar pela minha fama de escritor divertido.

Aos 18 anos, descobri um novo e maravilhoso mundo. O mundo dos motéis. Cheguei em casa radiante:
- Mãe, você já foi a um motel? – Não me conformei com a negativa dela – Tem de conhecer! Cama redonda, TV com canal de sacanagem, hidromassagem, teto-solar, espelho pra todo lado. É o máximo!
- Hum...
- Quer conhecer? Eu levo a senhora.
- Tá doido, moleque? Mãe e filho entrando num motel? Que vão pensar?
- Mas, mãe, o lugar é lindo! Quando eu me casar, vou querer ter uma suíte igualzinha!
Boba, ficou sem conhecer.

Noutra vez, cheguei encantado em casa:
- Mãe, pela primeira vez, saí com uma garota de programa.
- É, filho? 
- Uma verdadeira diaba, mãe.
- Imagino, filho.
- Quase pedi ela em namoro.
- Eh, tonto!
- Por que, mãe? Ela disse que foi a melhor transa da vida dela.
- Elas dizem isso pra todos, bestão.
- Jura? 

Um dia, foi a vez dela confidenciar-se comigo:
- Sabe, filho, larguei o calhorda do seu pai, mas sou humana. Tem dia que acordo com umas vontades...Sinto falta, entende? Posso estar velha, mas não estou morta.
- Já cansei de falar pra senhora arranjar outro marido.
- É difícil, filho. Quando tiver a minha idade, vai entender.
Minha mãe estava sofrendo. Eu precisava ajudá-la!
- Mãe, vamos dar um passeio! - Levei-a até uma sex-shop.
Ela entrou sem perceber em que tipo de loja estávamos.
Primeiro, ela colocou os óculos, descrente.
Depois, franziu a testa e arregalou os olhos, espantada.
A seguir, fez cara de nojo.
Por fim, titubeante, pegou um dos “objetos”, com certa curiosidade. Apalpou, apalpou, ajeitou os óculos.
- Pra que serve isso?
- Mãe, que diabos???
O moço do balcão veio todo prestativo:
- Posso ajudar?
- Sim, trouxe minha mãe pra escolher um desses.
O rapaz, que devia ser mais discreto, fez cara de assustado.
- Então, mãe, este serve?
Deu com o troço na minha testa. Tive de correr para alcançá-la, enquanto ela saía, pisando duro, da loja.
Mas a intenção foi boa, pô!