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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Outro Antonio

Logo depois que o casal se amou, ela se cobriu e quis cochilar um pouquinho. Estavam casados há uma década. Ela o achava um grande amante. Também, pudera, casou antes dos 20. Era o primeiro e único homem com quem ela havia se relacionado. Não sabia diferenciar um homem que dá prazer a uma mulher de um homem que dê 10 vezes prazer a uma mulher. Sem parâmetros, a pobre. Na verdade, a sessão que acabavam de concluir tinha sido modorrenta, quase protocolar, sem graça. Mas ela não sabia disso. Ele sabia, pois podia compará-la com algumas garotas de programa. Ela adormeceu. Ele resolveu levantar-se, e foi quando tropeçou num tapetinho e caiu, batendo violentamente a cabeça na quina do criado-mudo. Acordou cinco minutos depois, estirado no chão, sentindo batidinhas no rosto.
- Antonio, você está bem? Antonio?
- Com quem você está falando? Ai, minha cabeça...
- Com você.
- Não, você falou Antonio...
- Sim, falei com você. Você desmaiou.
- Desmaiei? Quem é você?
- Não é hora de brincadeira. Você está bem?
- Nossa, por que estou nu? Ave Maria, você também está!
- Acho melhor levar você a um pronto-socorro.
- Onde estou?
- Em casa, né, Antonio.
- Meu nome é Antonio? Eu moro aqui?
- Ou você para agora mesmo com essa brincadeira, ou vou achar que é sério.
- Sério, o quê? Ai, está doendo aqui – tocou a fronte.
- Se veste que vou levar você a um pronto-socorro.
- Por que você está sentada nua no meu peito? Nossa, você é linda.
- Faz tempo que você não me elogia.
- Linda, não, é maravilhosa. Está me excitando, sentada sobre mim. Suas saboneteiras são divinas. Olhe que tornozelos, que pezinhos...
- É, você não está nada bem. Há quanto tempo não me diz essas coisas.
- Nos conhecemos? Não lembro seu nome...
- Somos casados, Antonio. Vamos pro pronto-socorro.
- Somos casados? Sou casado com este avião? Quer dizer que posso fazer amor com você?
- Foi o que fizemos há pouco. Você levantou e levou um baita tombo.
- Podemos fazer de novo? Olhe como estou excitado.
- Acho que é melhor levar você a um pronto-socorro primeiro.
- Ah, eu estou bem, vem cá!
- Você está no chão.
- Adoro o chão.
Ela não lembrava se algum dia tinham se amado no chão. E foi assim que ela conheceu um homem capaz de proporcionar prazer a uma mulher por mais de 10 vezes seguidas. Depois, já começando a ficar arrependida, levou-o a um médico para ter seu Antonio original de volta.