Se você, caro leitor, gostar deste blog, indique-o a amigos. Boa leitura!

.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Roupas Adequadas À Ocasião

É normal que as pessoas se vistam conforme o compromisso ou o ambiente em que estarão presentes. Nenhum sujeito vai à praia de smoking. Assim como não se comparece de camiseta, bermuda e chinelos num baile de gala. Simples questão de bom senso. Claro que algumas pessoas são mais excêntricas que outras, como, por exemplo, meus amigos: Um deles reserva uma determinada cueca para ir aos estádios de futebol. Veste-a somente nessas ocasiões. Ao retornar para casa, retira e guarda a peça numa gaveta. Detalhe: Não lava nunca, pra não dar azar. Outro amigo nunca usa meias da mesma cor. Para que coisas boas lhe aconteçam no dia a dia, depende fundamentalmente disso. E, para não dar muito na vista, escolhe cores mais próximas, ambas claras ou escuras. A empregada jura que ele é maluco. Bobagem. Já o Célio, que é exímio e contumaz jogador de pôquer, escolhe sempre camisas exageradamente estampadas e brilhosas para competir. Alega estratégia. Faz sentido, pois o colorido espalhafatoso desconcentra seus oponentes.
Já meu irmão gêmeo, um pouco mais acomodado, não é dado a essas coisas. Faz o mínimo, como ter o cuidado de calçar sempre primeiro o pé esquerdo do sapato (que é o CORRETO!!!); verificar diariamente se o ponteiro dos segundos do relógio de pulso está alinhado com o ponteiro respectivo do relógio da torre da Matriz; verificar se nenhuma das suas camisas ou paletós perdeu algum botão e se embaixo da cama dele não tem ninguém escondido.
Outro dia, estava se preparando para assistir na TV ao London Jazz Festival 2010. Vestia uma camisa preta, que sempre usa quando assiste a Jazz Sessions, quando tocou o telefone:
- Oi, gracinha, é a Olívia, tudo bom, menino?
- Oi, gatinha, tudo bem, e com você?
- Tudo. Querido, preciso da sua ajuda. Sabe, estou com um cara ma-ra-vi-lho-so! Lindo, inteligente, sensível, divertido, maduro, cheiroso, romântico, sincero. Ele é tudo de bom!
- Putz, que legal! Há quanto tempo estão juntos?
- Conheci o Duda ontem à noite.
- Ontem à noite? Concluiu tudo isso sobre ele numa noite? Duda? Não lembro de conhecer nenhum Duda? Deve ser...Eduardo alguma coisa, né?
- Não sei, pode ser. Ái, ele é tão gato, sabe? Hoje vai ser nossa primeira noite de amor.
- Já?
- Demorou, boneco. Por mim, tinha rolado ontem mesmo, mas eu segurei as pontas porque eu preciso de ajuda. Então lembrei de você.
- De que tipo de ajuda você está falando?
- Quero estar linda e poderosa esta noite. Quero deixar o Duda maluquinho. Então, queria que você me ajudasse a escolher um conjuntinho de lingerie, porque eu quero a-rra-sar.
- Eu? Por que você não pede a uma amiga? Aliás, se ele estiver mesmo a fim de você, nem vai reparar nisso...
- Imagina...homem repara, sim. Ái, fofo, pelos nossos velhos tempos, vai...
- Peça a uma amiga, Olívia, você tem tantas.
- Preciso de opinião masculina, entende?
- Tá bom, tá bom, vou assistir a um programa na TV e depois...
- Não! Tem de ser agora, lindo. Vou me encontrar com ele daqui a quatro horas. Deixe o programa gravando, vai...
Pô, ninguém me dá sossego... - Trocou a camisa preta e foi pra casa dela. Acomodou-se no sofá e pediu pra ela trazer a gaveta de lingeries.
- Gaveta? Não pode me ajudar escolhendo nas mãos. Fique aí, que vou colocar algumas peças e daí você escolhe, ok?
- (?)
Foi quando começou o desfile:
Primeiro apareceu com um conjuntinho lilás de seda e renda.
- Você andou malhando, é?
Depois um jogo de rosa e azul com transparência e babadinhos. Úi!
- Vá dando nota!
Certa demora e ela surge de meia-calça, cinta-liga, fio-dental e corpete pretos.
- Afff...
Apareceu com outro, um shortinho, com uma cortininha presa atrás e que balançava enquanto ela andava. Nem reparou na parte de cima.
Surpreendeu-o o modelo seguinte: do tipo põe-e-gruda. Não tinha alça, laço, presilha, nada. Como é que não cai?
- Nunca viu nas rainhas de bateria do carnaval?
Do próximo não gostou. Um vermelho aceso transparente, mas parecia de plástico...
- É gelatina comestível sabor morango, bobinho.
Achou o de oncinha meio vulgar. Esse rabo aí é removível?
Aí veio com um modelito prateado. Prateado, naquela pele morena bronzeada. A minúscula tanga tipo “asa-delta” e o sutiã em formato de tulipa. Tinha fios dourados bordados imitando uma chuva de fogos de artifício. É este! É este! Olívia, - disse meu mano - preciso urgentemente de um copo d´água bem gelada.
Ela trouxe um espumante.
Bom, certamente o Duda teria adorado vê-la naquela noite.